A sala é a mesma daquele tempo, pouca luz
Um sofá gasto, tapete persa, cortina preta
A penumbra paira no ar, sufoca  e seduz
O espelho quebrado ainda marca as cicatrizes
Marcas de um caso que o instante  desperta
E revela pavor sem dispensar nenhum detalhe!

Espelhos quebrados que marcam nossa face
Num trágico olhar de relance, num instante
Miram muitos rostos a nos vigiar, pela cortina
Aquele momento de vergonha e medo, um disfarce
Fortemente desvairado, pavoroso e impactante!

Quero uma fórmula para este mistério, um rito
Uma dica que fosse para sair do espelho infinito
Marcas de um passado que ninguém quer lembrar
Que os espelhos quebrados mostram quem somos
Cacos de nós, pedaços incompletos, intrigantes
Que vão se espedaçando, num mosaico agoniante!

Quero voltar aquele mundo distante, de paixão
Numa reconstrução daquele espelho, cada pedaço
Viver sem angustia, sem mistério, nem percalços
Enfim caminhar com as marcas de quem somos
Finalmente juntar nosso sorriso com emoção
E deixar o passado dizer sobre tudo que fomos!